Carol Fernandes dá os primeiros passos na carreira com a ajuda de Pedro Henrique, primeiro brasileiro campeão mundial júnior e ex-integrante da elite
Carol recebe um abraço do irmão após a vitória no Grom Search |
- Cuidei dos dois durante toda a infância deles. Minha mãe e meu padrasto trabalhavam, e eu ajudava. Sempre deixei a Carol bem à vontade para saber se realmente queria isso para ela. Ter um irmão que é surfista profissional deve dar uma pressão. Por isso não quis ficar em cima. Só comecei a ajudar com as técnicas e a instruir para competir e melhorar os movimentos do surfe quando senti que era isso que ela realmente queria - conta.
Não pressionar. Essa também foi a tática adotada por Álvaro, chefe da família. Local do Leblon, ele é de uma época em que o surfe era mais um estilo de vida que esporte. No carnaval de 1986, em uma viagem a Saquarema, conheceu Cássia, mãe de Pedrinho - então com 4 anos. Ficou por lá. Largou o emprego de bancário e montou uma confecção de roupas de criança. Nas horas vagas, ensinava o enteado a surfar.
- O Pedrinho se mostrou muito ágil no mar, mas eu o coloquei na prancha sem pretensão nenhuma. Conforme foi evoluindo, as coisas foram mudando. Foi vencendo campeonatos, ganhando premiação, bermudas, camisas. Foi chamando a atenção, recebeu convite para ser patrocinado por marcas da época, se profissionalizou e virou campeão mundial pro júnior. Era algo despretensioso que se tornou grande. A Carol, com 5 aninhos, acompanhou tudo isso.
Carol nas ondas de Itaúna, em Saquarema, onde a família mora |
- Quero que ela entre em campeonatos na categoria profissional para ver se tem potencial de disputar com as meninas - conta Álvaro.
Carol gosta de voar nas ondas. Fora da água, para manter os pés no chão, nada como um bom conselho.
- Ela tem consciência de que tem muito a evoluir, e eu tento ajudar muito os meus pais a manter a cabeça dela no lugar. É sempre bom ficar esperto com as distrações e manter o foco - diz Pedrinho.
Por enquanto, a jovem surfista não tem levado puxões de orelha. Além de tirar boas notas nos campeonatos, é boa aluna na escola. Nunca ficou em recuperação - está no primeiro ano do ensino médio. Mas a caminhada, eles sabem, está apenas começando.
- A gente nunca sabe até onde ela pode ir. Mas, sem dúvida, com trabalho e muita dedicação ela pode chegar onde quiser - aposta o irmão.